Pequena e delicada, a azedinha pode ser discreta, mas faz toda diferença nos arranjos florais ou até mesmo decorando pratos saborosos.
Nosso querido colunista Anderson Santos nos empresta o seu conhecimento de causa na biologia e na botânica para contar mais sobre a nossa Flor da Semana e os cuidados necessários para mantê-la linda e saudável também para o uso alimentar.
Diversos representantes da família botânica Oxalidaceae são conhecidos de muitos brasileiros, sendo atribuídos a essas plantas diferentes nomes populares: Azedinha, Trevinho, Trevo, Trevo-azedo, dentre outros. A família Oxalidaceae possui ampla distribuição e seus representantes podem ser encontrados em diversos lugares do mundo. Para o Brasil são listadas 97 espécies, de acordo com a Flora do Brasil. No passado, muitas espécies de Oxalis eram chamadas de plantas daninhas, mas atualmente algumas são classificadas como plantas bioindicadoras, ou seja, elas detectam a qualidade do solo e indicam se aquele é um solo bom, fértil, ou não.
As azedinhas são ervas que apresentam raízes bem desenvolvidas. A maioria das espécies possui raízes ramificadas que se propagam com facilidade pela parte subterrânea do solo, o que garante a essas pequenas plantas um grande sucesso de desenvolvimento. As folhas em forma de trevo são uma característica marcante desse grupo de plantas. Durante a noite, as folhas se tornam reflexas, ou seja, se fecham para que a planta economize energia. As flores sempre possuem 5 pétalas que podem ser amarelas, verdes, róseas, roxas, alaranjadas ou brancas. O fruto é, geralmente, bem pequeno e do tipo cápsula que se for apertado entre os dedos, se rompe lançando bem longe as pequenas sementes.
Habitam com muita facilidade, ambientes e solos pouco férteis e com suas raízes profundas conseguem promover aeração e movimentação do solo, enriquecendo com matéria orgânica a partir do momento que suas folhas são depositadas no solo. Algumas espécies são comestíveis e podem ser classificadas como Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANC. É o caso de Oxalis barrelieri, cuja parte aérea da planta pode ser utilizada em preparos culinários, tanto crua como cozida ou refogada. Podem ser preparadas saladas com suas folhas e talos, refogados e até sucos. Das folhas de Oxalis latifolia pode ser preparada geleia, saladas e sucos.
Diferentes espécies de plantas são comercializadas como Trevo-de-quatro-folhas. Dentre elas está Oxalis tetraphylla, representante da família Oxalidaceae, facilmente é encontrada em floriculturas e lojas de plantas no Sudeste do Brasil. A espécie é nativa do México, se adaptou muito bem ao clima brasileiro e vem sendo cultivada em diversos lugares do país. Aos Trevos-de-quatro-folhas são atribuídos diversos significados e simbolismos, sendo todos eles indicadores de sorte. Importante ressaltar que a espécie que se tornou popular por trazer sorte àqueles que a possuem não é a O. tetraphylla e sim Marsilea quadrifolia, uma planta aquática, nativa do Hemisfério Norte e parente das samambaias, que não produz flor. Diferente de O. tetraphylla que se reproduz por sementes ou até mesmo por bulbos, Marsilea quadrifolia multiplica-se por esporos e seu cultivo exige muito mais cuidados.
Cultivar os Trevinhos e Azedinhas da família Oxalidaceae é relativamente simples, porém requer alguns cuidados. Como essas plantas não são comercializadas, dificilmente se encontrará no mercado de flores as sementes para o plantio. Neste caso deve coletar plantas em vias públicas como calçadas, beiras de muros, terrenos baldios, bordas dos vasos e locais onde a ocorrência é bastante comum, mas é muito importante salientar que plantas coletadas em locais com poluição não devem ser consumidas ou ingeridas. A sugestão é coletar as plantas, replantá-las em vasos ou canteiros e a partir da próxima geração de plantas (cerca de três meses), consumi-las com segurança e sem a presença dos elementos contaminantes que podem estar depositados sobre as folhas das plantas das ruas. Para replantar, um pequeno vaso com solo enriquecido com humos ou apenas terra vegetal é suficiente para que as plantas tenham um bom desenvolvimento. Toleram luz solar direta e solo úmido, porém, nunca encharcado.
Obrigada, Anderson pela pesquisa! Aproveitamos para contar aos nossos leitores que o nosso colunista comanda um projeto incrível, a Escola de Botânica, que desenvolve cursos e workshops em diferentes níveis para os interessados nas flores e plantas!
Esperamos que tenham gostado!
Beijos!