Basta conhecer Olga Amato para entender o sucesso da D.Filipa, loja de aluguel de louças, itens utilitários e peças de decoração para todo tipo de evento e festa que você possa imaginar, com criações exclusivas e uma seleção tão especial que faz dela a nossa favorita do setor. Marcamos um horário e passamos uma hora numa conversa deliciosa com a empresária, mas não é preciso tanto para cruzar com a criadora da D.Filipa: basta ir à charmosa loja que funciona na Vila Madalena há mais de 10 anos para encontrá-la no salão e receber, além de acolhedoras boas-vindas, dicas preciosas do que levar para que seu evento seja um sucesso.
Até o Natal, quem visitar a loja encontrará inspirações nas mesas montadas por decoradores renomados no mercado, como Renato Aguiar e Aparecida Helena e Paula Moroni e Bolo à Toa, além das criações da própria D.Filipa. Fora da temporada natalina, a decoração também está sempre mudando para dar novas ideias aos clientes, com um portfólio de peças com design próprio, tanto feito sob encomenda por clientes – ponto forte da D.Filipa -, quanto a partir de ideias de Olga ou parcerias com outros designers (os pratos são um best-seller, como o feito para o casamento de Sandro Barros e desenhado pelo estilista).
A seguir, nossa conversa com essa empresária que coloca todo o seu amor e prazer em receber bem as pessoas em cada detalhe do seu negócio.
Vamos Receber: O que é receber bem, de maneira moderna? É o mesmo que receber antigamente?
Olga Amato: O princípio de receber está muito ligado ao comemorar, então são sempre momentos marcantes na vida de uma pessoa. O mais legal de um casamento, de uma festa, é o carinho com que você recebe. É a generosidade de distribuir naquele momento a sua alegria em forma de comida, de decoração, de flor. É aquele momento alegre da sua vida, que você quer comemorar, quando você quer dividir essa alegria com os seus amigos. E isso permanece igual, guardados os devidos exageros, com uma situação econômica maior ou menor, de acordo com o sonho de cada um.
Vamos Receber: O que você acha que traz do jeito com que recebe na sua própria casa para a D.Filipa?
Olga Amato: Fartura. Sou incapaz de convidar alguém para ir à minha casa comer um bolinho sem ter a geleia, o café, um sanduíche. Tenho essa coisa do italiano da mesa farta. Aqui, na D.Filipa, tem isso também, a fartura. Sempre tem café, suco, bolo, doce, comida na loja, música. Tem vida. Não estou falando de desperdício ou de exagero, mas da fartura mesmo, da generosidade de distribuir.
Vamos Receber: Como isso se reflete nos itens produzidos pela loja?
Olga Amato: O cliente que entra aqui dentro tem que saber que o que ele quiser a gente vai fazer, que vai dar certo. Que a gente vai encontrar o sonho dele e transformar em realidade. Costumo dizer que aqui a gente vende tela em branco. Os chefs de cozinha, os buffets, eles que pintam. A gente vende travessa, copo, talher. Mas tem que ter charme, ter graça. E não pode ser igual para todo mundo, tem que ser diferente. Não pode ser pão Pullman.
Vamos Receber: Você destacaria alguma tendência hoje na decoração de festas e eventos?
Olga Amato: A gente faz muitas festas por dia. Percebo cada vez mais as pessoas ocupadas, todos trabalham muito. Antigamente eram os pais que pagavam o casamento, hoje são os próprios noivos. Então vejo que há mais casamentos em novembro e dezembro, para aproveitar as férias. Antes não tinha tanto casamento no fim do ano. Esse mundo corrido cria essa tendência. Atendimento por whats app é uma tendência, tudo tem que ser muito rápido. Acho que essa rapidez é uma tendência mais forte do que uma cor, um material. Hoje a noiva tem acesso a tantos blogs, a tanta informação que quando procura a gente já sabe o que quer. É um cuidado, mais do que uma tendência. Crescemos com as pessoas pedindo as coisas, e fomos crescendo conforme as solicitações. Não acredito em moda para decoração. Aposto na personalidade das pessoas. Se você está recebendo na sua casa ou se está fazendo um casamento, você faz do jeito que quer.
Vamos Receber: Além dos casamentos, a loja fornece materiais para muitos outros tipos de evento. Como funciona o novo departamento kosher?
Olga Amato: Este é um departamento que criamos especialmente para a comunidade judaica. É sensacional. A alimentação kosher (que segue as regras descritas no Torá) não permite que se misture leite (e derivados) com carne numa mesma refeição, então, os eventos são ou só de derivados de leite, ou só com carne. Montamos uma casa para fornecer os recipientes do leite no andar de baixo, e da carne em cima. Temos um religioso determinado por um rabino e contratado por nós que trabalha direto com a gente. Tentamos fazer um kosher delivery: não precisa levar três, quatro dias antes para kosherizar, o cliente liga aqui e prestamos o serviço, uma vez que temos o certificado da sinagoga Beit Yacoov. Internacionalmente, todas as embalagens de leite são azuis, e as de carne, vermelhas. Seguimos a mesma identificação e nos pratos a gente ainda coloca D.Filipa “carne” ou “leite” na parte de baixo, para não ter dúvida.
Vamos Receber: Quais itens, na sua opinião, vale a pena alugar no lugar de comprar e por quê?
Olga Amato: Acabei de casar minhas filhas e fui fazer a lista de casamento com elas. Percebo que no geral as meninas não querem prata, cobre, cristais, nada que dê trabalho. Porque você vai ter que ter lugar para guardar, vai ter que ter alguém para limpar. E o que as meninas me dizem é que, por exemplo, ganham um jogo de jantar lindo. Mas aí não querem usar o mesmo jogo em todo o jantar. Então elas preferem ter o básico para o dia a dia, para um almoço bacana. Nos eventos, é sempre o mesmo grupo de amigos. Então você faz o almoço, é o mesmo prato; jantar, mesmo prato, aniversário, mesmo prato. Aí buscam aqui (na D.Filipa) os itens mais tradicionais, que não têm em casa, e a possibilidade de fazer um evento temático, um café da manhã na praia, no campo, ter louças especiais e diferentes.
Vamos Receber: O aluguel pode ter um caráter sustentável também?
Olga Amato: O conceito do aluguel é muito moderno, porque você deixa de acumular em casa. Uma mesma peça pode ser usada várias vezes por diferentes pessoas. O aluguel é muito democrático. E fica perfeito quando você consegue oferecer quantidade e qualidade. Há marcas que você compra sem questionar a qualidade, e isso faz muita diferença, então nosso trabalho é embasado nisso, do cliente saber que está levando algo de qualidade. E fazemos questão de ter algo diferente. Quando sabemos que uma locadora copiou algo da gente, já partimos para outra coisa. A gente quer te surpreender, quer surpreender seus convidados, quer que seja algo bonito, divertido, gostoso ver, como o design dos japoneses.
Vamos Receber: Num jantar ou num almoço, o que faz a diferença para se receber bem?
Olga Amato: Sempre é o acabamento. Sempre tem que ter um lugar para colocar o talher, pode ser um pratinho para não colocar em cima da mesa. Tem que ter o detalhe do conforto. Gosto de guardanapo grande, talheres pesados. Mas isso é algo pessoal meu, não uma regra. Copos, para mim, também têm que estar nitidamente separados, o que é água, o que é vinho. A toalha não ser muito comprida também é importante, para ninguém enroscar a perna nela. Quando tem toalha, também é gostoso colocar um forro por baixo, para ficar macio, confortável o apoio das mãos. É gostoso ter uma lusinha, uma velinha para iluminar. É também muito importante você conseguir ver as pessoas. Aqueles arranjos de flores muito altos atrapalham. Comidas muito complicadas de se comer também são um problema: tem que facilitar a vida das pessoas, não pode constranger ninguém. Às vezes o exagero da beleza acaba atrapalhando o verdadeiro motivo daquela reunião, daquele momento. Quando você está na mesa, precisa ver as outras pessoas para conversar, trocar ideias.Cadeira confortável, toalha agradável, iluminação agradável. Tudo isso ajuda que a festa seja boa, que as pessoas se sintam bem. Não acho que tem uma regra, a não ser em eventos muito formais, aristocráticos, tipo um protocolo quando se recebe um príncipe. De resto, é o conforto com elegância.
Vamos Receber: Qual é o segredo de receber bem?
Olga Amato: É receber de verdade, de coração. Tirar o precisa ser. Se não receber de coração, se não for generoso, mas generoso no sentido do carinho, sabe? Se não tiver isso, não funciona. Também acho legal misturar tipos diferentes de pessoas, dá uma vontade de falar, é gostoso. Ter pessoas interessantes, que acrescentem algo na festa, que acrescentem para os outros, que se tornem amigos. Que você seja esse elo. Eu sempre apresento as pessoas, mesmo que sejam concorrentes. Aqui é uma festa.
Vamos Receber: Brunch, almoço ou jantar e por quê?
Olga Amato: Tenho percebido agora, com essa geração saúde, que os casamentos são mais cedo, no fim de tarde, para pegar o pôr-do-sol. E dá meia-noite o casamento acabou. Gosto bastante disso, acho bonito. Adoro esses momentos de passagem, do fim do dia para o começo da noite.
Vamos Receber: E quando recebe em casa, o que prefere?
Olga Amato: Adoro almoço, mas gosto muito de jantar. Acho bonito, as luzes acesas, a casa iluminada. Sou italiana, na minha casa tem poltrona no lugar de cadeira na sala de jantar. Então geralmente faço um coquetel antes, a gente senta e passa a noite conversando à mesa. É raríssimo levantar e tomar café em outro lugar.
Vamos Receber: O que deixa a decoração de Natal mais especial, na sua opinião?
Olga Amato: Gosto muito de frutas na mesa, acho muito bonito. As cerejas, frutas secas, que na verdade são do Natal europeu. Para o Natal brasileiro faria algo colorido, com frutas tropicais, saladas frescas. Faria o peru que é sempre gostoso, mas com uma farofa brasileira com castanha do Pará no lugar de nozes e amêndoas. Não gosto de muita flor onde tem a comida. Gosto de sentir o cheiro da comida. Adoro flor, orquídeas. Mas no Brasil temos uma quantidade de folhagens impressionante, o Burle Marx explorou muito isso, basta olhar os projetos dele. Se você fizer um arranjo com maçãs e uma folhagem, já vai ficar lindo. Acho que as pessoas têm que trazer as características das suas origens, da sua história. Qual é a história da sua família? O que lembra a sua avó? A minha avó portuguesa fazia sopa de castanhas, então eu faço todo Natal, assim como a torta que a minha prima gosta, a bebida preferida do meu cunhado. Já que é um momento de confraternização, tem que ser um momento que mexa com o coração. E a comida mexe com o coração.